Reflexão sobre a execução criminal
O Brasil tem uma das maiores populações carcerárias do mundo. Desde o ano de 2014, o Ministério da Justiça não divulga informações sobre a população dos presídios no país.
O Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, o Infopen, que trazia dados quantitativos e qualitativos sobre o sistema de execução criminal, em todo o Brasil, criado em 2004, era divulgado semestralmente.
Ocorre que, desde dezembro de 2014, não houve qualquer atualização nos dados do Departamento Penitenciário Nacional.
Assim, não é possível saber quantas pessoas estão presas, quantas vagas estão disponíveis, quantas precisam ser providenciadas.
Enfim, nenhum tipo de levantamento de dados públicos é possível ser feito em relação aos últimos 3 (três) anos - 2015, 2016 e 2017 - no que se refere a execução penal pátria.
Nesta linha, aprofundando a gravidade da situação, podemos citar, por exemplo, a rebelião no presídio de Alcaçuz, em Natal - RN, ocorrida no corrente ano. Após mais de 6 meses do massacre, por causa de rebelião, o número de mortos ainda é incerto. O número oficial é de 26 vítimas.
O problema, é que há 11 (onze) presos, que estavam no presídio, mas não constam na lista de fugitivos, nem na de mortos e tão pouco na de transferidos para outras penitenciárias, segundo o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.
O Poder Público, por meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ao ser questionado sobre a conta, afirma que está pendente a conclusão do levantamento estatístico correspondentes aos anos de 2015 e 2016.
Indaga-se se é complexo saber o número de vagas disponíveis e o número de presos nos estabelecimentos prisionais, especificamente no Brasil.
É?
Os, reais, motivos da desatualização dos dados públicos, talvez nunca venham a público.
Todavia, certo é que, as informações do Infopen, são necessárias para criação de políticas públicas. Sem os dados, não há como avaliar, discutir ou executar ações públicas.
É responsabilidade do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) desenvolver ações relacionadas ao sistema carcerário, à execução penal e às medidas socioeducativas. Na prática, há a inércia do CNJ, que nada faz - de efetivo - para modificar o caótico quadro.
Segundo dados revelados há três anos, o Brasil tinha a quarta maior população carcerária do mundo, com mais de 622 mil pessoas em regime de custódia- sendo que 41% delas ainda aguardavam julgamento.
O deficit de vagas do sistema, à época, ultrapassava 250,3 mil.
Sem dados atualizados, é difícil avaliar se as políticas e soluções implementadas têm gerado resultado.
Até quando ?
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